A Janela Única Logística - Alargamento da Cobertura Digital às Cadeias Logísticas
A Janela Única Logística - Alargamento da Cobertura Digital às Cadeias Logísticas
Contexto atual da JUL
Neste momento, o projeto de implementação da Janela Logística Única (JUL) nos portos nacionais está a avançar, tendo já vários portos iniciada a sua utilização. Está agora a chegar o momento de se avançar nos portos de Viana do Castelo e de seguida no Porto de Leixões. O porto de Leixões incorporará a componente de transporte ferroviário e funcionará como piloto desta nova plataforma na componente de transporte rodoviário e ligação aos portos secos. Em preparação para arranque está também a camada nacional que funcionará na DGRM, dando resposta às exigências europeias no âmbito dos atos declarativos do transporte marítimo.
A visão da JUL, assume o desenvolvimento de uma aposta de transformação digital e de criação de valor nas redes portuárias e logísticas. Adota também a ambição de colocar os portos e as redes logísticas nacionais na vanguarda dos processos de digitalização a nível mundial.
O processo de alargamento da cobertura digital às cadeias logísticas
A JUL alarga substancialmente o âmbito de operação da Janela Única Portuária (JUP - o sistema que antecede a JUL) e incorpora diversas inovações na digitalização dos processos de negócio. Evolui-se das operações portuárias para corredores multimodais, integrando o transporte terrestre, ferroviário e também as plataformas multimodais e operações de última milha. Tudo isto em forte alinhamento com as autoridades no sentido de agilizar e desmaterializar processos.
Trata-se de um desenvolvimento evolutivo, de forma a cobrir, completamente, toda a cadeia de transporte no hinterland. Está também em preparação a ligação ao foreland, nomeadamente através da partilha de eventos com outras plataformas eletrónicas e sistemas de comunidades portuárias, com o objetivo de no futuro disponibilizar visibilidade total porta-a-porta sobre os fluxos logísticos.
A JUL foi preparada para suportar processos digitais entre o transporte marítimo e ferroviário, envolvendo também as operações nos portos secos. Isto permite um nível de colaboração sem precedentes entre toda a rede de transportes e sincronização global de operações multimodais.
Adotam-se processos sincromodais e o conceito de extended gateways. Por processos sincromodais devem entender-se capacidades digitais que promovem a possibilidade de "fazer a utilização ótima de todos os modos de transporte e capacidade disponível, a qualquer momento, como uma solução integrada de transporte" (Ham, Paul). O conceito de extended gateway baseia-se na articulação entre terminais marítimos e portos secos, reforçando a coordenação e controlo dos fluxos na rede multimodal.
Para colocar estas redes em funcionamento, a JUL promove 4 princípios fundamentais:
- Planeamento conjunto e coordenação entre todos os atores da rede. Existe partilha de planeamento e eventos de execução em tempo real entre os prestadores de serviços logísticos da cadeia multimodal para garantir uma maior eficiência e flexibilidade global.
- Flexibilidade da cadeia. A JUL promove a colaboração num formato sem ligações multimodais rígidas, com processos flexíveis e ágeis suportados na partilha de informação, tendo em vista a coordenação e sincronização ao nível de toda a rede.
- Visibilidade e partilha de informação. A JUL suporta visibilidade sobre as operações ao nível das unidades de carga e meios de transporte, cruzando os nodos fundamental da rede (terminais, gates, plataformas multimodais, pontos de recolha e entrega, entre outros). Esse processo deverá, numa fase inicial, cobrir o hinterland mas gradualmente poderá ser alargado ao foreland dos portos.
- Integração ágil das autoridades. A JUL incorpora e irá aprofundar mecanismos de facilitação e desmaterialização de procedimentos envolvendo as autoridades.
Acima de tudo estes princípios promovem uma convergência para que no futuro a gestão dos processos logísticos seja feita numa perspectiva de optimização das redes como um todo (inteligência colaborativa da rede), substituindo gradualmente o modelo tradicional de optimizações pontuais ao nível de cada nodo da rede.
Janeiro, 2021